“Eu reuni algumas informações interessantes, pelo que eu entendi de alguns locais, parece que o rei foi raptado ou morto por bandidos estrangeiros... provavelmente nossos bandidos, porém a grande maioria parece não se importar muito com isso.”
“Fiquei curioso pra entender o motivo dessa reação apática da maioria das pessoas da região quanto ao seu rei... e descobri que ele não é um rei tão bom assim, ele aparentemente é uma espécie de tirano, ninguém quis entrar em muito detalhe comigo sobre o assunto, principalmente por eu ser um estrangeiro também.”
Diz Regulos a Sakai, ouvindo as afirmações do garoto Sakai se encosta em uma arvore e começa a pensar.
Isso responde muita coisa, principalmente a forma fria que a rainha se dirigia ao rei... eu não percebi em momento algum ela chamando o de seu rei, mais uma coisa ainda é estranha... como ela sabia meu nome, é como se ela já previsse minha chegada ali com antecedência.
“Eii... dormiu aí foi??”
Diz Regulos estalando os dedos como se quisesse chamar a atenção.
“Perdão Regulos, eu estava perdido em meus pensamentos.”
Regulos com um sorriso malicioso responde.
“Hmmm... sei hihihi... pensando sobre aquela mulher loira lá atrás neh, seu safado.”
Instintivamente Sakai cora e reponde o garoto gaguejando.
“Oooii... não tem nada a ver, eu... eu estava tentando montar o caso na minha cabeça... eu não estava pensando naquela mulher, estou a serviço aqui nessa vila!!”
O garoto ainda o olha com um sorriso malicioso como se nada que ele dissesse fosse mudar a opinião do menino.
“Hammff... enfim temos que ir até o local onde a rainha diz ter sido o local do suposto rapto.”
Curioso com a fala de Sakai o menino diz.
“Como assim suposto??”
Sakai não o responde, apenas monta em seu cavalo e começa a galopar através da estrada principal, logo Regulos parte atrás dele o seguindo.
Já escuro Kanami e seu pai conduziam a carroça em meio a penumbra sendo iluminados apenas pelo fogo baixo das lamparinas em volta da carroça.
Eles acabaram saindo mais tarde do que planejavam de Aignu pois estavam a concertar a roda da carroça. Seria mais fácil apenas comprar uma nova, porém eles não tinham dinheiro para isso.
Uma chuva forte começa e os pega de surpresa.
“Filhaa... uurghh... pegue ponha essa capa, evite ficar molhada... pode acabar ficando doente.”
Diz o bom homem de forma carinhosa.
Kanami coloca a capa rapidamente enquanto seu pai veste outra.
“Veja Kanami, está chovendo forte demais não vamos conseguir chegar em nossa casa. Vamos ir até a vila de Aluili já que estamos longe demais para voltar para Aignu.”
A jovem moça assente com a cabeça enquanto começa a manobrar a carroça afim de pegar um desvio e chegar na outra vila mencionada.
Enquanto isso em meio a uma densa floresta está Sakai e Regulos analisando uma cena em que parecia ter acontecido algum assalto ou coisa do gênero.
“Isso está tudo muito certinho... as coisas estão como se tivessem sido postas de proposito, nada faz sentido aqui. Não há sinais de coisas arrastadas nem nada.”
Diz Sakai enquanto observa com uma expressão séria.
“Tem razão, as coisas estão caídas e afastadas mais parece que foram postas assim e não que foram realmente jogadas, você acha que...?”
Imediatamente Sakai o complementa.
“Que essa é uma cena montada para nós ??... Sim acredito que seja o caso.”
“Venha Regulos, vamos sair daqui... podemos inclusive estarmos sendo vigiados agora mesmo, vamos nos abrigar na vila de Aluili por enquanto e de manhã voltamos para Aignu, acredito que assim seja mais seguro para nós.”
Eles montam em seus cavalos e partem dali com rapidez enquanto são observados por duas figuras que estavam ali próximas, pareciam ser guardas de Aignu.
“Oiiii... eii, opa boa noite como vocês estão?? Está escuro demais e chovendo para vocês dois estarem aqui parados.”
Diz um homem também vestindo capuz afim de se proteger da chuva. Atrás dele aparece sob a luz que as lamparinas da carroça fazem mais outros cinco homens também com capuz.
“Eérr... estávamos querendo chegar até Aluili quando a nossa roda quebrou de vez e a carroça acabou atolando aqui no barro.”
Diz o bom velhinho um pouco tremulo na voz.
“Ohhh... entendo porque o senhor não deixa que o ajudemos então, já íamos para Aluili de qualquer forma... hahaha.”
O desconhecido termina sua fala gargalhando. Logo em seguida de trás do velhinho Kanami o responde de forma grossa.
“Não precisamos da sua ajuda, porque não vai embora?”
“Hmmm... o que temos aqui meu bom senhor??... essa é sua filha ??... um pouco bocuda não acha??”
Ainda gaguejando o velho responde.
“Me desculpe meu jovem, ela acaba sendo um pouco mal-educada com quem ela ainda não conhece sabe... Mais ficaríamos muito felizes com a ajuda de vocês até chegar à vila, é muito perigoso as estradas a essa hora principalmente agora debaixo dessa chuva.”
“Nahhh... tá tudo bem eu era assim também quando mais novo, ei homens vamos lá... vamos ajudá-los a erguer a carroça para tirarmos desse lamaçal.”
Os cinco homens se posicionam em volta da carroça enquanto Kanami também ajuda. Um dos homens ali então começa uma contagem para que todos ergam no mesmo momento a carroça.
“No três... vamos laaaa, um... dois... trêsssss... ARRRGHHHH.”
Todos erguem ao mesmo tempo, porém o lado onde a Kanami está erguendo está claramente mais alto, enquanto o lado que os outros homens levantam está quase a cair de tão pesado.
“Ahhmm... sua filha é bem forte neh.”
Diz o sexto homem o que coordenou para que os demais fossem ajudar com a carroça.
“Hahahaha, eu a alimento muito bem.”
Responde o bom senhor com um singelo sorriso.
Meio norteado vendo tamanha força da filha do homem, ele volta a si e dá as ordens para seus homens que logo começam a puxar a carroça com cordas.
E assim o grupo começa a caminhar pela estrada carregando a carroça a fim de chegar na vila élfica mais próxima.
“Então vocês são guardas de Aluili ou coisa assim...?”
Pergunta o velho de forma muito astuta. O líder responde rindo.
“Hahaha... claro que não, somos humanos não vê... aqueles porcos élficos nunca nos teriam como guardas.”
O velho senhor o observa enquanto ele responde, ele nota a espada guardada em seu cinturão e uma faca escondida próximo da bota.
“Ohhh simm... claro tens razão onde eu estava com a cabeça perguntando uma coisa dessas.”
Responde o pai de Kanami enquanto eles continuam a seguir breu adentro, agora iluminados por apenas três das lamparinas da carroça já que uma delas acabo estragando enquanto eles manobravam a carroça anteriormente.
Kanami é constantemente observada pelos outros homens que caminhão logo atrás. Ela os percebe mais em respeito a seu pai mantem a postura e os ignora.
Sakai e Regulos galopeiam de forma vagarosa enquanto mantem uma conversa.
“Então um dos guardas da ordem aquele mais velho sabe, eu sempre me esqueço o nome dele... bom ele me disse que o senhor ainda não escolheu alguém para ser sua rainha é verdade?”
Surpreso com a pergunta repentina de Regulos Sakai fica sem graça, mais ainda o responde.
“Sim, é verdade... mesmo que Akarus venha me dizendo a todo momento que eu posso apenas me casar com qualquer linda e farta mulher do reino, essas não são minhas intenções. Quero ter sim uma mulher linda como esposa, mais não só isso!”
Com um semblante sério ele continua.
“Quero ser digno de uma linda e forte mulher, para fazer jus ao cargo de minha rainha... afinal estou sendo considerado por alguns dos reinos que já travamos batalhas como Sakai o estrategista... hahahaha... nada mais inteligente vindo de um estrategista do que ter uma rainha forte que eu possa usar quando for necessário.”
Regulos escuta atentamente enquanto seus olhos brilham ele responde.
“Ohhh... Sakai você é tão maneiro. Tem razão já que você vai passar a vida com outra pessoa que seja uma pessoa forte não é mesmo??”
Meio sem jeito ele responde.
“Mais ou menos isso Regulos... hehehe...”
A chuva vai se intensificando cada vez mais, o chão vai ficando mais barroso, a carroça já não consegue mais andar tão rápido como antes.
“Ahh... meu bom feitor é... Eu não pude deixar de notar que você carrega com si uma espada e provavelmente seus colegas também, vocês são mercenários?”
Pergunta o velho homem enquanto ele olha para trás algumas vezes a fim de ver se Kanami está em segurança.
O homem surpreendido com a pergunta repentina gagueja um pouco antes de conseguir respondê-lo.
“Ahhff...éer...sim. É então... Nós fomos contratados pelo rei de Aignu para assegurar uma passagem segura nas estradas de seu território. Para que nenhum viajante tenha problema nas estradas, hahaha...”
Com muita dificuldade o homem finaliza sua fala.
O senhor parece um pouco surpreso com a resposta e se mantém pensativo.
Como que o rei não os teria como guardas do reino, mas não veria problema em colocá-los para assegurar as estradas, isso não faz muito sentido. Esse homem... Eles devem ser bandidos.
“Meu senhor?? Você estava ouvindo ??”
Pergunta o homem, rapidamente o pai de Kanami de forma inteligente responde ele.
“Ohhh perdão... Acho que eu divaguei um pouco acho que não prestei atenção no que disse... Hahaha me desculpe é a idade avançada sabe.”
O homem dá de ombros e mantém a marcha constante.
Enquanto isso um pouco mais atrás junto de Kanami há três homens que a acompanham, eles não param de olhá-la, chega a ser extremamente desconfortante a situação, porém ela se mantém com um olhar gélido e apático enquanto observa o homem próximo de seu pai, ela percebe que eles conversam sobre algo só não consegue ouvir o que.
Em silêncio eles mantém caminhando estrada adentro enquanto a chuva cresce cada vez mais de repente esse mesmo silêncio é quebrado pelo velho homem, que praticamente briga com a chuva para ser ouvido.
“Ohhh... Ahh não... Eu e minha filha precisamos voltar sabe eu esqueci meu anel, eu o perdi na feira durante as compras!!”
Com o olhar estreito por causa da chuva forte o líder daquele grupo o responde.
“Mais, meu senhor, já andamos muito para voltar pra lá agora... Não podemos voltar para aquele reino, não devemos...”
Tirando um pouco da água dos olhos o homem continua.
“É só um anel não se preocupe, não vale a pena voltar tudo só por causa de um anel.”
O velho homem o responde rapidamente enquanto se vira para trás a fim de chegar até Kanami o mais rápido possível.
“É o anel de minha falecida esposa, eu não posso o deixar me desculpe.”
O senhor segura Kanami pelo braço afim de apressá-la para que pudessem sair logo dali. Kanami percebe que ele parece preocupado.
Os dois se viram e começam a caminhar rapidamente na direção oposta que estavam indo anteriormente. Porém eles pararam por conta do que o outro homem respondeu, seu tom foi quase como um grito, sua fala ecoou na chuva como se fosse um trovão.
“VOCÊ PERCEBEU?? NÃO FOI?”
Retirando a capa que o cobria e a jogando ao chão ele continua.
“Além do mais você não abandonaria sua carroça aqui, agora... Depois de tanto trabalho que tivemos para trazê-la.”
“Bom... Homens não precisamos mais fingir!!”
Terminando sua fala todos os cinco homens atrás dele retiram os capuzes que os protegiam da chuva. Com seus rostos descobertos é nítido que eles eram bandidos, suas feições eram sérias, machucadas, cicatrizes, a falta de um olho, a falta de dentes, todos eles tinham alguma particularidade que chamava bastante a atenção. Eles eram um grupo que em qualquer lugar que fossem seriam taxados como escória.
“Planejávamos usar vocês como passagem segura até a próxima vila, pois assim ninguém suspeitaria da gente, porém acho que vocês não são mais necessários.”
Diz o líder do bando enquanto caminha até eles.
Kanami até tenta se pôr a frente de seu pai, porém é impedida por ele.
“Não Kanami se você fizer isso... É muito perigoso eu lido com eles minha filha, você volte para aquele bom homem... Sakai, isso ele poderá nos ajudar!”
Ela relutante tenta argumentar sem sucesso.
“Mas... Não precisamos dele eu posso lidar com isso, não pretendo deixar sobreviventes para que descubram o que eu sou!”
“Dessa forma você não seria tão diferente deles Kanami, você seria igual a eles.”
Kanami apenas se cala perante as fortes palavras ditas por seu pai, com punhos serrados e muito brava ela se virar de costas e parte correndo a fim de achar o cavaleiro Sakai.
Comments (0)
See all