Enquanto a água corria por seu corpo ele tentou pensar em algo para aumentar a excitação e uma das mulheres que ele viu nua na área VIP da Boate Luxúria logo lhe veio à mente, os gemidos eram sempre intensos, ela se mexia com muita vontade, abocanhava aquele pau imenso como se não fosse nada, enquanto recebia carícias que pareciam descuidadas, mas apenas eram aplicadas no lugar certo com a intensidade certa, mãos grandes com veias aparentes puxavam os cabelos negros revelando os olhos marejados pelo esforço, como seria sentir isso também? 

O jato de esperma atingiu a parede do banheiro e o pau duro na mão de Ian foi ejaculando um pouco mais enquanto amolecida gradualmente, seu corpo relaxou ainda mais, porém uma pergunta foi plantada em sua cabeça, ele estava excitado por causa da moça, por causa do ato ou por causa de Dante? Era uma dúvida que em outros tempos lhe tiraria o sono, mas em um dia tão glorioso como este, Ian se permitiu desmaiar na cama e só acordar pouco antes do meio-dia.

Ele dormiria mais, porém havia combinado com Samanta que iriam almoçar juntos para comemorar a nova fase na vida de Ian. Ele vestiu suas melhores roupas e arrumou o cabelo novamente, suas olheiras já não estavam tão aparentes, mas ele usou uma leve maquiagem assim mesmo, agora ele era um novo homem que podia se arrumar com calma para encontrar uma amiga, parecia até um sonho. 

Chegando ao restaurante, Ian ficou feliz por ter escolhido a melhor roupa, pois aquele lugar parecia muito fora dos seus padrões, porém estava um pouco preocupado com os preços, mesmo que Samanta tenha dito que ela que pagaria, ele queria pagar ao menos a sua parte da conta, afinal ela já havia comprado o almoço no outro dia. 

No horário marcado Samanta chegou, era seu dia de folga do escritório, por isso ela usava um elegante vestido leve de verão verde-claro com alças finas e um decote em V, sua cintura era marcada acentuando as suas curvas e a saia rodada valorizava o seu quadril, ela calçava um salto bege de bico fino e uma pequena bolsa de mesma cor para combinar, ela estava belíssima e Ian se sentiu um pouco nervoso com a visão. 

Para o almoço Ian escolheu o prato mais barato, apesar das reclamações de Samanta que dizia que ele não precisava se preocupar com o preço, no entanto, ele achou melhor assim. A conversa com a nova amiga era divertida, eles pareciam ter muito em comum e pela primeira vez em muito tempo ele se sentiu feliz em conversar com alguém casualmente sem ter nenhuma preocupação em sua mente, naquele momento não havia estresse com o escritório, ou medo do que um certo mafioso poderia fazer com ele, era apenas uma tarde serena com uma companhia agradável. 

Sem falar que a comida era simplesmente divina, para Ian que era grande consumidor de comidas pré-prontas como macarrão instantâneos e nuggets de frango, aquilo tinha gosto de céu, se a comida que Samanta havia comprado da outra vez estava gostosa, essa de agora era de arrancar suspiros. 

Era bom ter uma amiga, ter alguém com quem pudesse conversar, sair e se divertir. Havia tanto tempo que Ian não criava laços com alguém, ele estava realmente muito feliz e nem imaginava a reviravolta que tudo isso daria. 

Ao decorrer da refeição Samanta ficou ainda mais dócil e sorridente, sempre procurando desculpas para tocar em Ian. Ele costumava entender as intenções das pessoas com rapidez, quando não o envolvia, ao observar de fora da situação Ian era capaz de adivinhar o que as outras pessoas queriam ou pretendiam fazer, no entanto, quando se tratava dele essa sua habilidade enfraquecia consideravelmente e ele não conseguia ler as pessoas tão facilmente e mesmo assim os avanços de Samanta foram tão intensos que ele percebeu que a amiga estava flertando, passada a surpresa inicial o flerte se tornou mútuo.

Seduzir não era uma habilidade de Ian, ele era desajeitado e não sabia muito o que falar ou fazer, mas Samanta parecia gostar dele assim mesmo e após a refeição na saída do restaurante ela o beijou. Há quanto tempo Ian não beijava ninguém? Pego de surpresa ele quase recusou, pois estava com medo de que não soubesse mais o que fazer, mas ele sabia e seu corpo reagiu bem deixando a amiga sem fôlego. 

As coisas escalaram de forma muito rápida, em um momento eles eram amigos conversando e rindo e em outro eles estavam em um motel arrancando as suas próprias roupas e se embolando na cama. Ian foi surpreendido por dois pares de algemas que prendeu seus braços um em cada lado da cabeceira da cama. 

— Eu não sabia que você gostava desse tipo de coisa — disse Ian tentando entrar no clima. 

— Eu não gosto — Samanta deu um demorado beijo nos lábios de Ian. - Mas infelizmente é necessário. 

— Necessário? Por quê? — Ian sentiu um mau pressentimento naquele momento, o tom de voz de Samanta não era de alguém que estava prestes a transar, o olhar dela mostrava insegurança e sua atitude era no mínimo suspeita. 

 — É realmente uma pena Ian — disse Samanta saindo de cima do rapaz e recolhendo as próprias roupas para se vestir — O seu beijo é tão bom quanto eu sempre imaginei, diria até melhor do que os que tive em meus sonhos. — ela bufou — Por que tinha que acabar dessa maneira? 

— Acabar de que maneira? — perguntou Ian agitado — Eu estou aqui, eu estou pronto, pode fazer o que quiser comigo. 

— E farei mesmo — disse Samanta após se vestir novamente, ela se sentou na ponta da cama e fez uma ligação rápida. — Uma pena que nosso tempo é muito breve e não poderei me aproveitar desse seu belo instrumento que você tem entre as penas. 

— Breve? Do que você está falando? — Ian balançava os braços tentando inutilmente se soltar, a sensação de perigo iminente estava cada vez mais forte — Nós pegamos o quarto para pernoitar, temos tempo o suficiente… 

— Não, meu querido Ian — Samanta alisou o rosto do rapaz enquanto sorria, um sorriso agridoce, ali entre o gentil e doce e o cruel e amargo. — Eu não tenho mais tempo, se eu não pagar a minha dívida eu vou ter que vender o meu corpo e eu não tenho nenhuma intenção de fazer isso, por isso vou dar o seu em pagamento. 

— O que você quer dizer com isso? — disse Ian com um grande esforço para não gaguejar, um suor frio escorria de sua testa, seu mau pressentimento só aumentava. 

— Logo os coletores do Inferno vão chegar aqui para coletar o meu pagamento — ela olhou Ian da cabeça aos pés — Tenho certeza que eles ficarão satisfeitos, você tem muito potencial. 

Ian engoliu seco, tudo aquilo estava se tornando um grande pesadelo. 

— Então você não queria ser minha amiga, nem namorar comigo, você só queria me vender pros agiotas, é isso? 

— Eu realmente gosto de você Ian, desde o meu primeiro dia na empresa você sempre foi gentil comigo e me ensinou muita coisa no trabalho, sempre achei você bonito e simpático, mas quando eu finalmente tive a coragem de te chamar pra sair você deu bola logo pra Sabrina! - Samanta fechou os punhos com força ao dizer o nome da mulher com desprezo, suas unhas cravaram na pele fazendo um filete de sangue escorrer. 

— Quem diabos é Sabrina?! — gritou Ian desesperado. 

— Minha irmã! — disse ela entre dentes - Aquela que você estava cheio de sorrisos antes de ir embora, eu vi como vocês estavam melosos um com o outro e quando você foi embora Sabrina me contou que você iria pra uma festa particular só com ela.

— Espera, você ouviu a conversa? — Ian queria sentar-se e se cobrir para conversar propriamente, mas era difícil se mexer com os braços presos, era ainda mais difícil conversar estando tão exposto — Porque pelo que eu me lembro tudo que eu fiz foi basicamente insultar ela!

— Mentiroso! — Um estalo alto soou no quarto, a mão aberta de Samanta encontrou o rosto de Ian deixando-o vermelho com o impacto. 

— Você está me entregando pros agiotas por causa de ciúmes? — perguntou Ian incrédulo — Eu nem gosto da sua irmã, quando foi que eu falei com ela antes? Eu não tenho nem o número dela no celular, você é a única mulher nele é um mal-entendido, por favor me solte e vamos fugir. Eu te ajudo a descobrir uma forma de pagar a sua dívida.

— Não há outra maneira Ian, ou você, ou eu. — disse ela tristemente. 

— Vamos vencer isso juntos, eu prometo, Sam, mas você precisa me soltar primeiro. — Ian não fazia a mínima ideia de como cumpriria a sua promessa, ele só estava falando a primeira coisa que lhe veio a cabeça na esperança de convencer Samanta e para isso ele usou o seu melhor tom de voz enquanto seus olhos imploravam por ele. 

— Você está disposto a me ajudar, mesmo sabendo que eu sou capaz de te trair dessa maneira? 

— Eu entendo que você está fazendo o necessário para sobreviver, eu sei muito bem o que é isso, ter que lutar sozinha deve ser muito difícil, mas eu vou te ajudar. 

— Como? 

— Eu… - Ian mordeu o lábio inferior com força, tentando pensar rápido em uma resposta - Eu conheço o Rei do Inferno, na verdade, ele meio que me deve um favor então… 

— Você espera mesmo que eu acredite nisso? - disse Samanta cruzando os braços e batendo o pé impaciente no chão. 

— Pegue o meu celular - disse Ian indicando onde o aparelho estava com a cabeça - Olhe os contatos. 

Cética Samanta pegou o celular e fez o que Ian instruiu. 

— Ter o nome dele aqui não significa que seja ele. 

— Pode ligar, ele vai atender no primeiro toque - Ao menos era o que ele esperava. 

— De onde veio essa confiança? — perguntou Samanta engatinhando por cima de Ian — Você deveria usar mais ela é extremamente sexy. 

Sentando no colo de Ian, ela apertou o botão de ligar dentro do contato de Dante e no primeiro toque a voz grossa do Rei do Inferno soou, com o choque ela desligou rapidamente. Samanta conhecia bem aquela voz, ela ouvia frequentemente na televisão, Ian estava realmente falando a verdade. 

Tremendo Samanta soltou um dos braços de Ian com dificuldade, o suor em suas mãos complicava tudo, a chave escorregou e caiu embaixo da cama. Com um suspiro ela se arrastou para baixo da cama quando a porta foi aberta com um baque. 

Os agiotas chegaram.