Davi começava a se irritar com o rumo da conversa, e novamente se surpreendia por estar tão emocional.
- Comprada não, eu... - Sem esperar pela resposta, Davi tampou os ouvidos e ficou repetindo várias vezes -, eu não estou ouvindo lálálálálá como uma criança prestes a receber uma lição de vida do pai. No mesmo instante o rapaz mais velho saiu correndo pela praça do campus, Pedro sem pensar duas vezes correu em seu encalço.
- Espera aí, eu vou te encher de pancadas!! – Pedro gritou, por alguma razão seu coração estava fazendo cambalhotas, e ele tinha vontade de rir.
- Só se você conseguir me alcançar com essas pernas curtinhas suas!!! – Davi era alto e esguio contrastando com a baixa estatura de Pedro, que compensava a falta de altura com músculos mais definidos.
Davi estava correndo e rindo freneticamente quando de repente estacou.
- Davi, você não está se esquecendo de nada?
- O que seria?
- Vixe! Ficou tão emocionado em encontrar esse garoto que até esqueceu a cerimônia de abertura, meu deus, ligando o alerta de idiota!
- Me esqueci completamente! Obrigado por avisar!
- O que seria de você se não me tivesse por perto?!
- Quer mesmo saber?
- Não, muito obrigado, se precisar me chama.
- Ok!
Sem dar atenção ao fato de que do nada Davi estava parado feito uma estátua, Pedro acertou um soco no outro rapaz.
- Isso é por ter me zoado! – ele disse, mas Davi não revidou, o que era estranho. Pedro tocou o braço do amigo onde ele havia acertado o soco, apertando com afeto como um pedido de desculpas –, ei, o que você está pensando aí na sua caixola?
- Hm? – Davi pareceu acordar ao sentir a pressão de Pedro no seu braço –, ah! Ai! Isso doeu! Você está mais forte, mas eu ainda vou
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devolver tá? Eu acabei de lembrar que tenho que te levar pro ginásio para a cerimônia de abertura.
- A abertura! – reencontrar Davi havia feito Pedro se esquecer das suas responsabilidades, como sempre. Ele retirou relutante a mão do braço do outro rapaz e se dirigiu de volta para o caminho do Coliseum -, ô cabeça de vento, mal a gente se encontra e você já quer nos pôr em enrascada, é uma anta mesmo.
- A anta aqui agradece os elogios dirigidos a ela e sugere à outra anta que deveríamos ir mais depressa para o ginásio antes que os professores possam reclamar da gente! – Davi não conseguiu conter o suspiro, reencontrar Pedro o deixou mais agitado que o normal, uma parte de forma agradável, mas um ruído insistente em sua nuca não o deixava pensar demais no mesmo assunto, então ele apenas deixou a sensação escapar.
A arquibancada deveria estar apinhada, mas havia muitos lugares vazios, a maioria dos alunos ali eram os novatos. Ver o mesmo discurso todo ano pode ficar enfadonho para alguns. Davi olhou para Pedro, que olhava embasbacado para a cúpula.
- Legal né? – a voz de Davi saiu como um sussurro enquanto ele se inclinava de forma protetiva atrás de Pedro.
- Nem me fale – Pedro olhava para os telões instalados em todos os cantos do ginásio.
- Vem comigo! – Davi disse sorrindo e dando a mão para Pedro –, vamos sentar em um local especial!
- Vixe quanta boyolagem! – Pedro disse em tom de brincadeira, um rubor rosado aparecendo em sua pele bronzeada. Ele sentiu a mão de Davi recuar, e a falta do calor do outro em sua mão fez Pedro se arrepender dos seus receios internalizados. Ele não devia fazer esse tipo de coisa com um amigo como o Davi.
- Entenda como quiser – Davi sentia sua mão quase faiscar, Pedro sempre segurara sua mão antes. Seu sorriso diminuiu e
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